quarta-feira, outubro 10, 2007

Páginas da Vida

As mulheres brasileiras foram manchete de primeira página. Mas não pelos melhores dos motivos. “Brasileiras são as maiores vítimas do tráfico para fins sexuais”, grita a matéria do jornal “Público” sobre um estudo feito na Universidade de Coimbra e apresentado com pompa e circunstância na conferência ‘Tráfico de seres humanos’, organizado pela presidência portuguesa da União Europeia. “A maioria das vítimas de tráfico sexual em Portugal é de nacionalidade brasileira, seguindo-se as mulheres da Europa de Leste e as africanas, começando a evidenciar-se as de nacionalidade nigeriana”, explicou a investigadora para um auditório repleto com os chamados donos do poder.
Enquanto o mundo dito civilizado discute a igualdade entre os gêneros e a tolerância zero para este tipo de crime, nós publicitários e publicitárias o que fazemos? comerciais de trinta segundos em que nossos peitos são transformados em refrigerantes, cartazes de sandálias com curvas ‘femininas’ para serem pisadas por pés masculinos suados e incentivamos as futuras candidatas a famosas a posarem nuas nas págianas de revistas, nunca sem antes deixar de declarar o nome do seu político-amado-amante. Moralismos à parte, um certo cuidado com o bom gosto, o respeito e um quê de senso estético não ficaria mau a ninguém. Pobreza, violência, estupidez, falta de perspectivas e ignorância são alguns dos males do mundo mas, porque vamos ajudar a agravá-los. Rir não é o melhor remédio.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Está rindo de quê?

Fiquei sabendo que o famoso smiley nasceu há 25 anos. A bola redonda, com dois pontos parecendo olhos e um travessão quase sempre sorrindo, presente nos muitos e-mails, blogues, chats e SMSs nossos de cada dia, está fazendo aniversário. Filho de pai desconhecido, por incrível que pareça ele surgiu assim sem mais nem menos, como proposta vencedora num fórum de ciências da computação. Na sua árvore genialógica (de gênio, mesmo) encontramos apóstrofes, barras e pontos de exclamação. Mas nada se compara aos traços da sua família de emoções. Alegria, humor, dúvida, tristeza, amor e ódio. Alguns dos nossos sentimentos têm todos a mesma cara. Simples, não?

quarta-feira, setembro 12, 2007

O Dia Seguinte

Ontem, não resisti e fiz a já célebre pergunta às duas pessoas que trabalham ao meu lado - Onde você estava no 11 de Setembro? Um, num shopping na hora do almoço, viu as imagens assustadoras numa tela de plasma Sony, na vitrine de uma loja de eletromésticos. O outro, plugado no seu Mac, só se ligou quando alguém avisou da ainda possível catástrofe. Eu voltava para minha sala quando a secretária, terminando de engolir o seu hamburger do McDonald’s, me avisou do primeiro embate. Atônitas, sem ainda perceber direito o que havia acontecido, olhamos para a TV e, num clique, trocamos de canal para a CNN. Seis anos depois, inseguros e sempre perplexos, continuamos a carregar essas marcas para sempre. Em tempo - poucos foram os jornais diários aqui de Lisboa que deram algum destaque de primeira página ao ocorrido. O mundo realmente mudou.

quinta-feira, setembro 06, 2007

See you in September…


Também resolvi fazer uma lista do que aconteceu neste verão 2007 aqui em Lisboa, bem ao estilo “marcas e tendências que viraram moda”. Então, vamos lá: as lojas Go com suas saladas, sushis e sashimis; a reforma de alguns cafés e pastelarias, ex-libris da cidade, agora com muito mais claridade e espaço para fumantes e não fumantes; os filmes dos Simpsons e do Ratatui nos cinemas Lusomundo; o sorbet de limão da Olá; Crocks coloridos, Coca-Cola Zero e óculos anos 80 Rayban velho de guerra; os “low-coast” da Easyjet; bicicletas no final da tarde e caminhadas ao estilo Nike de manhã cedo; a mania dos bios - do Danone ao cosmético; a cor verde alface e o laranja suco de cenoura em tudo que é canto; a loja do chinês da esquina com aquele monte de utilidades inúteis; a banca de flores do supermercado Pingo Doce; praia de água fria e aulas de hidro na piscina aquecida; o Tejo com o farol do Bugio depois da limpeza; Copacabana me engana na abertura a novela Paraíso Tropical; os comerciais de celulares e cervejas; os livrinhos grátis que chegaram com o jornal Público; CaetanoMarisaChicoD2, sempre. Os nomes, as marcas, cores e sabores de mais uma ‘silly season’. E aí, já pensou nas suas?

terça-feira, agosto 28, 2007

Agosto em Lisboa


Durante este mês de agosto, estou plenamente de acordo com o que disse Ava Gardner, numa de suas frases memoráveis - “ Não percebo as pessoas que adoram trabalhar. Fazer nada, para mim, é como flutuar na água: delicioso”. Lisboa fica muito mais calma e tranquila, com menos trânsito, pouco barulho e lugar de sobra para estacionar. Os almoços se estendem até um pouco mais tarde e sobra tempo para pensar, limpar os arquivos e organizar a vida. De roupas leves e sandálias enfrenta-se o dia a dia do escritório com muito mais prazer. Olhares de cumplicidade explícita são lançados quando nos encontramos pelos corredores, matando o tempo em passos apressados. Poucos e-mails para responder, nenhuma reunião, o telefone não toca, o fax está mudo e só a máquina do café funciona a todo vapor. Jornais para ler, internet para navegar, Ipod no volume ideal e ar condicionado no ponto certo. E depois são eles que acham que estão de férias…

segunda-feira, junho 25, 2007

Fim de Festa




Já estou em Lisboa, tentando me organizar para enfrentar a semana depois desse vendaval de boas idéias e ótimos encontros que participei no Festival. Não sou muito de fazer balanço e análises profundas do que vi e ouvi. Gosto de guardar na memória ou quando são realmente inesquecíveis, do lado esquerdo do peito para, quem sabe, mais tarde recordar. Mas não resisto em fazer, ainda meio a quente, a minha lista de best of:

- o perfeito entrosamento entre Charles - o computador, a máquina digital e eu. É ótimo trabalhar em trinca quando tudo funciona.
- o ambiente do press-center. Confortável e barulhento quando necessário.
- andar pela Croissette de manhã bem cedo e dar um mergulho no Mediterrâneo para refrescar. A água é fria, bem fria. Mas quem resiste.
- Ler o Nice Matin, toda matin.
- Ver os ilustres desconhecidos passarem, saber que somos da mesma tribo sem nem precisar cumprimentá-los.
- Olhar as modas e os preços, sempre caríssimos. Não resistir e acabar por comprar uma coisinha.
- a Nichoise. Por muito tempo, vou ficar sem comer salada na hora do almoço.
- a festa de abertura do Festival. Pena que o som ficou mais baixo depois de uma determinada hora. Mas a decoração da mesa…
- o hotel Carlton e o Martinez no final da tarde.
- a festa no Suquet. Saí de lá com um bouquet de flores. Tão popular, tão francês.
- tropeçar em amigos pelo caminho. Alguns do bluebus outros, de outros carnavais.
- a atenção do Júlio e da Elisa, sempre presentes, à distância de um clique.

Depois de todos esses lugares comuns, o pôr-do-sol do meu último dia na Baía de Cannes e o carrossel na praça. Um dia eu ainda volto para andar nele de novo.

sexta-feira, junho 22, 2007

Al Gore. O Leão Verde




"Fotos só nos primeiros cinco minutos". Depois de esperar numa grande fila e debaixo do maior sol, afinal estamos no verão em pleno Mediterrâneo, finalmente lá conseguimos entrar. Alguma revista e uma certa correria. “Fotos só nos primeiros cinco minutos”, avisavam insistentemente toda vez que viam uma câmera pronta para atirar. Lugar na frente, antes da área VIP, e um slide show para criar ambiente. Tudo preparado, só faltava esperar pela entrada do tão aguardado. Luzes diminuem, entra um clipe pedindo socorro e surge a terra, linda, colorida, no telão. Apresentações feitas, Al Gore no palco. Ele agradece a presença de todos e a da sua mulher que o acompanhou. Os das digitais e tele-objetivas voltam para o seu lugar.
"Eu preciso da sua ajuda". Acredito que como eu, a maioria das pessoas que estavam na fila para entrar perceberam, logo nas primeiras palavras, que Al Gore não foi fazer uma palestra sobre meio ambiente. Como ele mesmo disse logo no início “I need your help”. Gore aproveitou a presença do mercado publicitário ali em peso e partiu para o ataque nessa sua missão de profeta do ambiente. Ele já esta na segunda fase da sua campanha, por sinal muito bem planejada, para essa verdadeira cruzada que muita gente desconfia mas, até agora, ninguém sabe onde vai chegar. Apresentar o grande problema ele já apresentou, a divulgação mundial foi feita – agora mesmo acaba de receber o Prêmio Príncipe das Astúrias, na Espanha, além de ter sido um dos nomeados para o Nobel. Não levou desta vez, mas não vai perder a esperança.
"O amanhã já é hoje". Nos minutos finais, depois de elogiar o público, alertou para a enorme responsabilidade de todos. Chegou mesmo a dizer que quando as notícias são más, ninguém quer pensar, ninguém que fazer. A crise ambiental exige e "poucas gerações ao longo da história tiveram o privilégio de perseguir um imperativo moral, uma causa partilhada e unificadora”. Depois das perguntas do auditório, mais um prêmio – o Green Lion de Cannes. Se continuar assim, o clima está mais do que favorável para Al Gore.


Da Série Fazendo Blague no Press-Center

. Que eles não me ouçam e nem me leiam, mas os italianos são os que mais falam. Falam uns com os outros, falam nos celulares, falam sobre tudo e sobre todos. Tem sempre uma tal de lista, la lista, dizem eles, na conversa. Discutem a mesma coisa várias vezes e, pior, adoram mostrar que estão falando. Vai entender...

. as jornalistas indianas, mulheres na maioria, tem a mania de ditar o texto. Enquanto uma fala, a outra tecla no computador. Deve ser por isso que dão um banho de rapidez nas chamadas novas tecnologias.

. os americanos trabalham e a gente nem da pela presença deles. Chegam, fazem tudo rápido e saem correndo de novo. Trabalham em bando.

. os portugueses são muito concentrados e prestativos.

. os brasileiros... adoram aparecer e mostrar que já chegaram no pedaço. Insistem mas, verdade seja dita, logo descobrem que ninguem da a menor bola pra isso.

. Só vi um negro. Todo o mundo é branco, pardo, verde (por causa das noites mal dormidas...) ou moreno por aqui. Porque.

. Imprimem de tudo na impressora pb perto de mim. Até o último modelo da Ferrari.

. Café, água, suco de laranja e vi até uma bandeja com baguetes passando pela minha frente. Deve ser miragem. Esta na minha hora de almocar.

. Cada teclado é um teclado. Os códigos para os acentos de ontem não servem para o texto de amanhã.


Com o Leão na Cabeça

O Festival ja está chegando ao fim. E o que mais se vê logo no primeiro andar do Palais, é o pessoal comprando lembrancas – bonés, camisetas, canetas, pastas, troféus pessoais mesmo para quem so veio aqui para assistir. Esses turistas por uma semana, quando voltarem para suas mesas de trabalho, com certeza vão deixar bem visiveis o lugar por onde passaram. E voltar um dia, quem sabe, para caçar um leão.

quinta-feira, junho 21, 2007

Bits and Bikes

São quase oito horas por aqui. Sol, calor e o pessoal pra lá e pra cá na Croissette. Uns, aproveitando o bom tempo para relaxar um pouco. Outros, já prontos para enfrentar a segunda etapa do Festival – as festas que já começaram a bombar na terra e no mar. Crianças tomam sorvete, namorados passeiam, o comércio fecha as portas e as bicicletas estacionadas esperam. Final de tarde ou começo de noite? Amanhã é um novo dia.

quarta-feira, junho 20, 2007

IF.....

Não tem jeito, o que a gente mais faz dentro do Palais, além de andar para lá e para cá com aquele olhar de perdidos na selva, é subir escadas. A da foto é a que leva diretamente ao andar do Debussy Theatre, onde tenho assistido a maioria das palestras.
Tem uma escada rolante ao lado, mas quem é que resiste a esses degraus da fama.
If you think you can do it, If you think you can, If you think. If you, If… cheguei.

segunda-feira, junho 18, 2007

Uploaders


A última moda em Cannes, depois da tatuagem na nuca.

A Beira de um Ataque de Nervos

Charles, o computador, ainda não se habituou com essas mudanças rápidas. Um dia está tranquilo, quieto e, de repente, sem ninguém avisar, tem que dividir o seu espaço apertado com papéis, carregadores de bateria, jornais e outras publicações. E o pior, tudo escrito em inglês e francês, línguas que ele conhece mas não domina inteiramente. Prefere o português autêntico, com todos os acentos e cedilhas a que tem direito.
No avião ele não deu trabalho nenhum. Viajou tranquilo no porta bagagem quase vazio e foi até carregado no colo por uma aeromoça prestativa. Mas quando chegou ao hotel, não aguentou e teve a primeira indisposição. Quem disse que ele aceitava funcionar em sistema Wifi. Não houve jeito. Tive que pedir ajuda à recepcionista francesa que depois de muito tentar, desistiu. Por muita boa vontade, não entendia os avisos que o Charles mandava lá das suas entranhas informatizadas, nem com a minha ajuda na tradução, diga-se de passagem, complicadíssima.
O que fazer? Vou tentar a velha saída de sempre - um pouco de paciência, leitura e muito diálogo que é para ver se ele compreende a situação. Algumas tentativas e alguns erros depois, e olha ele aí de novo dando um banho na língua de Camões. Chega até a me avisar, com um sublinhado discreto, quando eu olho para o lado e me distraio com essas mal traçadas linhas. Consegui. Aliás, conseguimos. Mas, depois dessa, já avisei que é a última vez. Mais um piti, eu o abandono de vez e compro um Mac novinho.

domingo, junho 17, 2007

Entrance et Sortie


Depois da revista, os anúncios de revista.

Sem comentários...


Já estava sentindo falta do espaço da Microsoft tão silencioso e especial. A boa música ambiente, a climatização excelente, o amável atendimento, continuam. Mas o silêncio… O pior é que a gente entende tudo o que estão falando, alto, como se aquele lugar fosse só deles. Conterrâneos no pedaço é barulho na certa. O som dos trópicos se ouve à distância. Bem, voltando ao spa em questão, o refúgio perfeito entre uma palestra e outra, tem uma frase que dá o tom exato do momento “If you you can think it you can do it”. Ouviram?

Publicidade, croissant e circo


Também existe vida do lado de fora do Palais. Principalmente num domingo quase verão. Apesar do tempo nublado, o desfile na Croissette era intenso. Bicicletas, carrossel, crianças, chiens, trem com reboques, sorvetes, crepes e flores, muitas flores, que as pessoas levavam para casa como buquets. Hoje, houve uma comemoração na cidade e foi farta a distribuição, inteiramente grátis. Promoção de primavera, dizem.
Na porta principal do Festival, bem em frente às famosas escadarias, aquelas estátuas vivas, uma dourada e outra prateada, ali paradas com uma multidão em volta torcendo para ver um piscar de olho, um tremor de boca, um desmaio, sei lá. Gente adora uma festa e se diverte com tudo. Até com publicidade.

sábado, junho 16, 2007

Primeiros sinais


Depois de uma viagem tranquila sem maiores sobressaltos, a não ser o avião lotado e uma senhora que passou as duas horas e meia conversando sem parar com a amiga, chegamos. Eu e Charles, o computador. Bagagem no ônibus, mais trinta minutos até Cannes. A cidade é aquele charme de sempre. Gente, compras e muitos publicitários ainda perdidos com o mapa na mão, arrastando bagagens pelas calçadas. Hotel resolvido, está na hora de dar uma volta para reconhecer o pedaço, nunca sem antes passar pelo Palais em direção à Croissette. Por enquanto, tudo tranquilo. Vou fazer o meu credenciamento amanhã cedo e já pude notar que a sacola de papéis é bem menor este ano. O primeiro sinal de que a era digital finalmente se instalou no Festival.
O tempo está meio nublado, mas agradável. E com um sol que, quando aparece, queima. Alguns, bem ao estilo franceses em férias na Riviera, aproveitam para esticar as pernas e se recostar nas cadeiras de ferro do caminho. De olhos fechados e com um ar de que não estou nem aí, encaram corajosamente o astro rei. Como num desafio, repetem para si mesmo - espelho, espelho meu, quem é que este ano vai brilhar mais do que eu…

sexta-feira, junho 15, 2007

De volta para o futuro


Amanhã, embarco para Cannes logo cedo. O vôo, direto, leva duas horas e meia até Nice. Vou pela Portugália, nas asas de um jato Embraer ERJ-145! De volta para o futuro da publicidade. Fui…

quinta-feira, junho 14, 2007

Download to your calendar


Já recebi a lista das palestras que vou assistir e comentar. Para mim é sempre uma surpresa o que vou encontrar pela frente. No programa, os títulos são sempre sugestivos e a pequena explicação sobre o tema, diz mas não diz tudo. O negócio é chegar cedo, escolher um bom lugar e prestar atenção no que vai acontecer. Tem desde ‘It’s life Jim, but not as we know it’ sobre o mundo virtual, até o ‘Diary of a Creative Director: an exploration of the road to greatness’, onde os grandes da criação mundial vão revelar alguns dos sucessos e acidentes de percurso nas suas carreiras. Será?

About us


Nos intervalos entre as palestras, subir e descer as escadas, andar de um lado para o outro, parar para beber uma água ou um café também faz parte do melhor dos exercícios, praticados por todos os profissionais da área - o do ver e ser visto. Um abraço aqui, um como vai ali, um quem é, um é ele, um você por aqui de novo, muito prazer, tchau e estamos conversados. Até o próximo encontro.

domingo, junho 10, 2007

Da Série Fazendo Blague

. Este ano, a grande novidade que vou levar na minha bagagem para Cannes é, por incrível que pareça, o meu passaporte português que acabei de receber. Depois de lidar com papéis e mais papéis e de ver a minha vida financeira, e não só, virada de cabeça para baixo, enfim lá consegui o documento. Capa vinho com letras douradas e a boa companhia de Camões e Fernando Pessoa ilustrando algumas de suas páginas. Poesia também combina com viagem. Quem disse que não?

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Fernando Pessoa

. Para acalmar o stress e começar a entrar no clima do Festival, nada melhor do que passar algum tempo numa dessas grandes livrarias com jornais e revistas de tudo que é jeito, e mergulhar de cabeça nos anúncios que estão nas suas páginas. Como quem não quer nada, acabo por fazer uma viagem ao redor do mundo em não mais de uma hora. A Vogue, a Hola da semana, a Veja, a Vanity Fair, as dirigidas e as não menos dirigidas. Em inglês, francês, italiano… do alto de suas prateleiras estão todas lá me olhando e pedindo para serem lidas. Na saída, compro o jornal do dia e uma caixa de chicletes sem açúcar que é para disfarçar.

. Bolas e mais bolinhas é a moda por aqui em Lisboa. Nas bijuterias, nas bolsas, nos lenços e até nas sandálias tipo havaianas. Cannes já está me chamando.

. Não disse. Acabei de receber do bluebus a lista das palestras do Festival que vou assistir. Depois eu conto.

terça-feira, maio 29, 2007

Pausa para a meditação

Nos embalos de sábado a noite, resolvi ligar a televisão. Na SIC - um dos quatro canais do país - assisto de um fôlego só a abertura de Paraíso Tropical. Copacabana me engana com a sua paisagem deslumbrante. Fazendo uma coisa aqui, outra ali, sigo meio distraída o que está rolando na telinha. No intervalo comercial, barulho e explosões coloridas no céu. Corro para a janela e não muito distante vejo uma cascata prateada de fogos de artifício desabando sobre o Tejo. É o Rock in Rio avisando que em 2008 as águas vão rolar de novo em Lisboa. A seguir, ainda no horário nobre, o Leblon em Páginas da Vida, diz a voz off na TV. É a minha cidade tão distante a mostrar que a beleza ainda existe…

quinta-feira, maio 24, 2007

Al Gore. Agora ou nunca


O ex vice-presidente dos EUA, Al Gore, foi convidado pela Y&R para participar do Festival. Aceitou, é claro. A sua verdade inconveniente vai poder ser vista e ouvida em pleno Palais, no dia 22 de Junho.
Depois da derrota nas presidenciais de 2000, Al Gore não quis passar para a história como um perdedor. Como todo bom político, mais do que depressa buscou um novo caminho que o levasse a uma nova imagem, forte e positiva - a de um paladino por uma causa civilizacional. Como consequência desse seu esforço e das inúmeras conferências que já fez por este mundo afora, retomou o prestígio e o seu nome ganhou uma nova dimensão, que culminou numa proposta para o prêmio Nobel da Paz 2007.
Em fevereiro, Lisboa contou com a sua presença num encontro memorável. Quem viu saiu impressionado com a versão atualizada dos fatos e o seu apelo final para salvar o planeta “Temos tudo o que é necessário para isso, menos a vontade política, mas esta é um recurso renovável”, disse um sarcástico e bem humorado conferencista.
As imagens não mentem. Enquanto o gelo do Ártico derrete, os furacões varrem as cidades, as secas arrasam a vida de milhões de refugiados e os gases do efeito estufa aquecem a atmosfera, este profeta do apocalipse, transformado num one-man show, marca o seu espaço e busca uma nova forma de fazer política no Sec.XXI. A não perder.

quarta-feira, maio 16, 2007

Contagem Regressiva


No próximo dia 17 de Junho, começa o 54º Festival Internacional de Publicidade. Há um mês do evento que move multidões de publicitários, publicitárias e afins, fui mais uma vez dar uma olhada no site para começar a me sentir de novo lá dentro do Palais, subindo e descendo as escadas, entrando nos auditórios para ver e ouvir as palestras e as entregas dos prêmios, corujando as novas propostas dos youngs, disputando quase a tapa um computador com teclado e acentos no Press Center, encontrando os amigos e descobrindo ou tentando descobrir o que faz com que tanta gente se interesse por esse negócio chamado criatividade e boas idéias. Atenta a tudo e a todos espero passar uma semana mergulhada em informação e, se o tempo permitir, mergulhada no azul do mar da Riviera.
Em tempo: acabei de receber a minha ‘Registration Confirmation’. Já estou me preparando, e ganhando forças extras, para enfrentar os leões de todos os dias e aqueles que ainda vou encontrar pelo caminho. Cannes 2007 vai ser Hot. Hot dog.

domingo, maio 06, 2007

Um minuto para os comerciais


Depois de algum tempo em silêncio, este blog volta a rugir. Cannes é só em Junho. Enquanto isso…

Sorria, você está na Barra. É impossível ficar indiferente a esse outdoor bem na luz do fim do túnel. Mas, a partir daí, prepare-se - pegue o seu the book is on the table, porque a lesson 1 vai começar. Body Tech Academy para corpos perfeitos e sarados, as melhores famílias atrás dos muros dos Gardens Greens de todas as cores, Palaces e mais Palaces para o descanso da alma, do corpo e do estômago, Hollywood Planet, Shoppings, Markets e Outlets com direito a visão da estátua da Mrs. Liberty em Downtown e, à sua direita, em construção, o Day Medical Center com mil salas e consultórios para mostrar que ainda somos humanos. Hellooooouuu! we are in Rio, ok?
Na Avenida das Américas, ônibus e frescões passam apressados a caminho de Mangaratiba, Porto das Pedras, Jacarepaguá, Mandala, Vargem Grande, Alvorada. São os cariocas de serviço indo e vindo desta Miami fake. É cedo e ainda não tocou a sineta no Recreio dos Bandeirantes. De volta pra casa, a Rocinha - terra de todos e de ninguém - acende e apaga as sua luzes, espiando os inocentes e os não tão inocentes assim. Minha oca é em Copacabana diz um caramuru sentado ao meu lado. Desço na praia. Minha terra tem coco nuts trees.

quarta-feira, março 28, 2007

Na jaula com os leões IV

Saíram os nomes dos jurados para o Lions Direct e para Rádio. É gente que não acaba mais de tudo que é agência espalhadas pelos quatro cantos do mundo. Depois de ler a extensa lista, consegui localizar, em português, o Mário Silva, CEO da HPP Euro RSCG e o Flávio Salles da Sun/MRM Worldwide, Brasil que vão julgar Direct. João Livi, da Talent e Jorge Teixeira, director criativo da DDB Lisboa estão no júri de rádio. A criatividade vai ser a linguagem utilizada entre eles nesta verdadeira Babel de idéias.

quinta-feira, março 22, 2007

"I love Cannes"

Publicitário ou melhor, o brasileiro com um certo poder aquisitivo em geral, tem mania de viajar. Viajam sempre que podem e que não podem. Os destinos preferidos da maioria é o célebre circuito Nova Iorque, Paris, Londres. Se bem que Miami e Barcelona também estão no páreo, para públicos diferentes, é claro. Roma idem e Amsterdan, como ia me esquecendo…Depois da viagem, as exaustivas sessões de fotos, agora digitais, direto na telinha do computador ou no telão de plasma. Por incrível que pareça, os lugares que visitam são os mesmos e os comentários também não mudam. Devem fazer parte do certificado de autenticidade do ‘eu também estive lá’. Comparações não faltam e as exclamações tipo ‘I love New York’ vêm sempre na bagagem. Alguns, chegam até a trazer os hábitos da sua cidade preferida do hemisfério norte para dentro de casa, em pleno sul do Equador - o chá das cinco e outros pecados menores entram para o cardápio, sem mesmo pedir licença. Passaporte na mão e conseguir o tal do visto, para muitos, é quase uma carta de alforria. Hábitos globalizados, gostos generalizados.

Mas existem viagens e viagens. Uma ida ao Festival de Publicidade em Cannes, por exemplo. Está bem, ninguém resiste a dar uma passadinha por Paris, nem que seja só para ficar algumas horas no aeroporto à espera do vôo para Nice. Os mais sortudos, acabam ficando a semana inteira. Mas voltando à Cannes ou indo, não sei, viajar é abrir a cabeça para novas idéias, novos comportamentos e tudo que posso acontecer naqueles dias, horas, minutos e segundos em que nos sentimos inteiramente disponíveis para o que der e vier. Qual uma esponja, absorvemos as informações e jogamos no nosso liquidificador mental, para alguns, batedeira, e deixamos de molho, para alimentar os neurônios sempre que for preciso.

Cada um tem a sua receita e os caminhos da criatividade são sempre um mistério. Mas sair do lugar comum, descobrir novos atalhos e, principalmente, trazer o mundo na bagagem já é um bom começo. Só não vale depois passar as intermináveis fotos para quem quiser ver.

segunda-feira, março 12, 2007

Na jaula com os leões III


Mais nomes, mais gente para julgar e avaliar as melhores campanhas integradas, o Titanium&Integrated do Festival de Publicidade de Cannes. São eles:

. Alex Bogusky, Crispin Porter + Bogusky - presidente do júri
. Chuck McBride, Cutwater - grupo Omnicom
. Mark Tutssel, Leo Burnett Worldwide
. Jonathan Harries, DraftFCB
. Jon Kamen, @radical.media
. Colleen DeCourcy, JWT Nova Iorque
. Rodrigo Figueroa Reyes, FiRe Advertainment
. Maria Luisa Francoli, Media Planning Group
. David Nobay, Saatchi&Saatchi
. Trefor Thomas, RMG Connect

Seis americanos, um argentino, uma espanhola, um australiano e um britânico. Bairrismos à parte. Que vença o melhor, Yes!

quinta-feira, março 08, 2007

Vale a pena ler de novo


Ontem resolvi fazer aquele tipo de trabalho que a gente sempre deixa para depois - organizar o que já escrevi sobre o Festival de Cannes 2006, abrir uma pasta e guardar no computador para, quem sabe, futuras consultas.
Para minha surpresa, descobri que os temas das palestras que eu havia assistido são ainda muito atuais e fico imaginando o que é que vão inventar para dizer nas próximas.
Vamos aguardar que aí vem mais. Por enquanto, os melhores momentos de um passado não tão distante.

Palestra - Não se preocupem pq a TV não vai acabar, diz a Carat
No Debussy Auditorium, apresentada por Susannah Outfin, CEO, e Malcolm Hunter, diretor de planejamento, ambos da Carat.

A casa estava cheia na palestra da Carat e o tema era prá lá de interessante - as soluções que a comunicação deverá encontrar para atingir os consumidores no futuro próximo. Para início de conversa, começaram por nos alertar que essa noção de futuro tem que ser repensada. Porque muito do futuro está aqui e agora. Dito isso, veio outra máxima - a de que o consumidor hoje decide, cria e arranja soluçoes por ele mesmo. Com as novas mídias e as novas tecnologias, sempre elas, as pessoas ganharam muito mais liberdade para decidir o que comprar, fazer amigos e muitos chegam mesmo a criar o seu próprio mundo virtual. O novo futuro, mais que um fenômeno tecnológico, é um fenômeno social. O consumidor quer estar no centro das decisões e ser o ator principal do seu mundo real. Ou será virtual? Nao quer mais que lhes contem uma história, quer ser parte desta história. Os Big Brothers e os Americans Idols estao aí e nao nos deixam mentir. Algumas observações interessantes foram ditas durante a palestra e nos fazem pensar neste novo comportamento, muito mais fácil de sentir na geraçao dos teenagers. Voce sabia que atraves da utilizaçao das chamadas novas mídias, a eleição para o programa Americam Idol, na TV americana, obteve maior numero de votos que a eleição para presidente? Que muito mais próximo do que se imagina, através da internet, teremos grandes amigos que nunca iremos encontrar? Apesar deste novo comportamento, as chamadas mídias tradicionais não devem ser jogadas fora. Não se preocupem porque a TV nao vai acabar. Esta brilhante invenção do século passado vai ser parte de todo esse processo. Temos, sim, que continuar a descobrir novas maneiras para buscar a atenção desse admiravel consumidor novo, cada vez mais dono da sua vida.

Palestra - Games podem combinar bem com publicidade, não é?
No Debussy Auditorium, apresentada por Reza Ghaem Maghami e Simon Bond, da Proximity.

Se você ainda nao se preparou para entrar no mundo dos games, peça ajuda aos seus filhos e netos porque uma nova revolucão está ai. Brincadeiras à parte, foi isso que ficou mais do que claro na apresentacão da Proximity sobre essa indústria que movimenta mais dinheiro do que a da música e a do cinema juntas (!).
Parece fantástico? E é. Imagine que na Coreia do Sul, existem 4 canais de TV só para os viciados em games. Os profissionais da PlayStation são tratados como megastars e os games têm a preferência nacional no quesito 'o que fazer para passar o tempo'. E não sao só os jovens que estão jogando Spider Man 2 ou Lara Croft. Mulheres e homens mais velhos já começaram a frequentar este espaço virtual repleto de idéias - "Mas parece que o mercado publicitário ainda nao descobriu esse filão para conquistar novos consumidores" - avaliam, instigantes, os jovens e criativos palestrantes que ouvi hoje aqui no Palais. Lá de cima do palco, na telona, de vez em quando aparecia uma demonstração interessante do que se pode fazer com os games. Um futebol virtual com os cartazes do campo com as marcas dos patrocinadores; se preferir, um PacManhattan, especial para celulares ou, quem sabe, Lara Croft bebendo o seu refrigerante preferido num 'Game pause'. Refrescante, não é? Para acompanhar, que tal pedir uma pizza online num jogo em que tudo pode acontecer antes da entrega chegar as suas mãos. Por pouco a gente nao acaba acreditando que aquilo tudo ali é mesmo verdade...


Palestra - Martin Sheen e Arianna Hunffington, mas que idéias...
No Debussy Auditorium, painel com o ator Martin Sheen, a blogueira Arianna Hunffington e o roteirista Michael Patrick King, de 'Sex and The City'. O moderador foi Craig Davis, diretor de criaçao mundial da JWT.


Formidável. Pop. Brilhante. The Best. Melhor do que esta vai ser difícil. Nada como ouvir quem realmente entende de gente. Público alvo, no nosso publicitês. Foi esta a 1a sensação que tive ao assistir essa palestra com o sugestivo tema 'Idéias para o nosso tempo'. Craig Davis acertou em cheio e nós, da platéia, só podemos aplaudir. Foi uma aula de bom humor, bom senso e, principalmente muito respeito pelo que estava sendo dito. No palco, gente que sabe o que faz, e como faz - um publicitário, um ator, uma blogueira e um roteirista. Quer melhor combinação para uma boa conversa?
Cada um, a seu tempo, falou sobre a sua experiência vencedora. O porque de terem tido sucesso. O chamado mistério. Para Martin Sheen, o segredo está em procurar uma interpretaçao cada vez mais próxima do dia a dia das pessoas. Para Arianna, os blogs sao a mídia mais íntima que existe. É emoçao pura e simples em real time. Com a vantagem de sempre dizerem alguma coisa que foge do convencional. Uma escrita rápida que quebra padrões de comportamento e aparece e desaparece num piscar de olhos ou melhor, de dedos.
Michael Patrick King, o rei do diálogo bem construído, afirma que a ousadia é mais do que necessária. E disse mesmo que, enquanto escrevia as conversas para suas personagens no seriado, tinha a absoluta certeza de que certas palavras e certos comportamentos nunca haviam ainda sido mostrados na TV. Mas como é que a publicidade pode fazer parte deste mundo das idéias, sem parecer uma intrusa na vida do consumidor. A resposta veio numa frase de apenas cinco palavras - 'Reflect life in another way'. Precisa traduzir?


sexta-feira, março 02, 2007

Na jaula com os leões II

São três os jurados portugueses no Festival de Cannes este ano. Mário Rui Silva, diretor geral da HPP Euro RSCG, na categoria marketing direto, Jorge Teixeira, diretor de criação da DDB Lisboa, jurado na categoria rádio, e Marco Dias, diretor de criação da Brandia Central, jurado na categoria imprensa. “Há que ver se atingem os alvos e os objectivos”, declarou Mário Rui Silva, já pensando nas feras que vai encontrar pela frente.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

De olho na tela III - Oscar, o melhor amigo do leão

Uma rainha inglesa e conservadora, um ditador africano e sanguinário, um incrível realizador ítalo americano, uma família disfuncional - será? pinguins que dançam e sapateiam sobre uma ainda enorme planície gelada, a verdade inconveniente de um político quase presidente, a banda sonora da desesperança e a justiça feita a uma cantora descoberta também atriz. Aos premiados, os Oscars. Aos menos cotados, a lembrança de que um dia também fizeram parte desta festa.
Do meu sofá, sem fazer zapping, acompanhei o que pude e o que não pude - o sono é o pior inimigo das grandes galas e dos melhores filmes das nossas vidas. Sem pestanejar, fiquei atenta até aos intervalos comerciais. E alguém se lembra do que era veiculado nesses poucos minutos? De volta para o palco e a platéia, dessa vez sem grandes separações entre nomeados e consagrados, flashes rápidos dos nossos ídolos de sempre, em carne e osso, sapatos Manolos, vestidos Lacroix, ternos Armani e jóias Cartier. Mesmo disfarçados, não conseguia separá-los dos seus personagens irrepreensíveis. Gwen Patrow é a Julieta de ‘Sheakspeare Apaixonado’ apesar dos poucos segundos de presença a que teve direito. Ao Peter O’Toole, tudo.
Mais globalizado, filme americano falado em japonês, politicamente correto ou incorreto, a verdade é que nesta Babel de takes, planos e contra planos descobrimos, vencidos pelo cansaço da madrugada, que a fantasia é a nossa realidade passada a limpo. Ou será ao contrário? Como diria Maria Antoinette, prêmio mais do que merecido de melhor guarda-roupa, se não tem pão, comam brioches. Bons filmes para todos.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

As feras do cinema também fazem campanha


Antes dos leões de Cannes, outras feras vão mostrar os seus sucessos de público no Festival de Cinema de Cannes que, este ano, vai comemorar a sua 60ª edição. E o que a direcção deste mega evento inventou? Uma mini-campanha de curtas metragens, de três minutos cada, com trinta e cinco realizadores que têm como tema único o acto de ir ao cinema. Os filmes ‘Chacun son Cinéma’ (A cada qual o seu cinema) serão exibidos numa sessão especial, no dia 20 de maio.
Gente premiadíssima e alguns vencedores da desejada Palma de Ouro vão pegar suas câmeras e sair por aí filmando. Olha só os escolhidos para fazer parte deste super elenco - Roman Polanski, Claude Lelouch, Gus Van Sant, Win Wender, Joel e Ethan Coen, Jane Campion, Walter Salles, só para citar alguns.
O orçamento é modesto, dizem, e a televisão francesa irá passar os 35 curtas, no mesmo dia da estréia na Croisette. O formato é novo e a linguagem, com certeza, estará muito próxima dos nossos comerciais. As salas de cinema de todo o mundo não poderiam fazer um marketing melhor.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Na jaula com os leões I

Jurados brasileiros do Festival de Cannes 2007. Os nomes foram apresentados pelo CEO do Festival, Philips Thomas, numa coletiva para publicitários e jornalistas, no Porão da Bienal, em São Paulo.

Filmes - Celso Loducca
Press - Ricardo Chester (JWT)
Midia - Ângelo Frazão (McCann)
Outdoor - Mariana Sá (DM9)
Cyber - Suzana Apelbaum (África) e Hugo Rodrigues (Chemistri)
Direct - Favio Salles (Sun MRM)
Rádio - João Livi (Talent)
Promo - Geraldo Rocha Azevedo (Neogamam), presidente do Júri

A diretora executiva de criação da Lowe Nova Iorque, Fernanda Romano, será a representante dos EUA no Júri dos Cyberlions 2007.

Chicote neles, digo, trabalho. Coragem e bom senso também fazem parte do negócio.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Brainstorming

Hoje, a terra tremeu por aqui. E não foi causado por nenhum brainstorming, desses que deixam a gente meio que esvaziados por dentro, e morrendo de vontade de entrar no primeiro cinema da vida para colocar tudo no lugar. Beber um café ou um copo d’água bem gelado também ajudam a relaxar. Falar ao telefone com alguém sobre nada é a salvação nestas horas pós-tempestade criativa.
Mas, a terra tremeu por aqui e foi num terremoto de magnitude 6.0, dizem. Confesso que não senti nada, tão distante eu estava com meus pensamentos, verdadeiros brainstormings particulares, no trânsito às 10:35 da manhã. Os tremores foram sentidos à noroeste de Casablanca, na capital do Marrocos, Rabat, e até na Andaluzia. E eu ali, ouvindo Prince, num engarrafamento qualquer da vida. Bem que eu notei que o farol do Bugio, no rio Tejo, me observava de longe. Purple rain, purple rain…

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Mudando de conversa

Já experimentou explicar para quem não é do ramo o que é que publicitário faz. Difícil não é? Mas ainda mais difícil é ouvir aquela célebre frase como resposta, depois de você ter exaustivamente tentado desvendar a sempre complicada e misteriosa relação idéia-produto-cliente - Ah, faz anúncio é? Em qual deles você aparece?
É neste exato momento que percebemos qual é a nossa real dimensão nos trinta segundos de fama a que temos direito. E rapidamente mudamos de canal. Ou melhor, de conversa.

Para presidente do Júri do Ciberlions, na escolha dos novos Big Bang do mundo virtual, o americano Tom Eslinger, diretor mundial de criação da neozelandesa Interactive& Emerging Media, da Saatchi&Saatchi.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

No escurinho do cinema

Fui ver Scoop, o novo do Woody Allen. Bom como sempre. Mas o que me chamou mais atenção, além do filme, é claro, foi um comercial do gin Bombay Sapphire. Anúncio de peso que já entrou no meu listão dos mais mais em Cannes.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

A cereja em cima do portfólio

Quem disse que publicitário não adora ganhar prêmio. Prêmio é como a cereja em cima de qualquer portfólio. Informatizado ou não, ali estão guardados as receitas pessoais de sucesso, descobertas únicas e fórmulas inovadoras desta verdadeira alquimia de idéias chamada publicidade.
Descartáveis como a maioria dos produtos que anunciam, os ditos prêmios são distribuídos em tantas categorias que, com o passar do tempo, já nem nos lembramos mais quem foi que levou o troféu ou, até mesmo, como era o filme vencedor do Leão de Ouro de três anos atrás. Mas o felizardo, se lembra. E isso é o que importa.
Ganhar um prêmio em Cannes é como tirar um doutorado de criativo, com direito a banca examinadora e tudo. Um diploma de admissão na universidade dos famosos, até que o próximo leão nos tire o título de rei da selva digo, mercado de trabalho. Poderosos por um ano, poderosos para sempre.
Não satisfeitos, os organizadores do Festival inventaram mais um. Um super prêmio que promete movimentar as já famosas e concorridas galas noturnas em Cannes - o de Network do Ano. A escolha terá como critério principal o maior número de presenças nos shortlists e nas premiações finais. As agências pertencentes a essas grandes redes de comunicação que alcançarem mais pontos, levam. A vencedora será apresentada na noite do dia 23 de junho, durante a cerimônia de entrega dos não menos famosos Leões para filmes, Titanium e Integrated. Dizem que as palavras e os prémios… são como as cerejas, vêm umas atrás das outras.

Tão bom quanto ganhar prêmio deve ser a sensação de ser escolhido para fazer parte do Júri. Ser presidente então, nem se fala. Dessa vez, o feliz contemplado para a presidência do Júri do Promo Lions foi o Geraldo Rocha Azevedo, da Neogama.



terça-feira, janeiro 30, 2007

Sobre Nomes

Já faz parte do bilhete de identidade de todo publicitário, carregar acoplado no seu nome, o da agência em que está ou esteve a trabalhar. É o fulano da McCann, o beltrano da Giovanni, quando não se usa o ex para dar uma localizada rápida no executivo em questão. Sicrano da Silva Pereira, ex-JWT, ex-Salles, ex-Talent e atual W Brasil. Status pouco é bobagem.
Difícil e extremamente complicado é quando chega a hora de mudar, digamos assim. Algumas vezes, mais do que depressa aparece um novo sobrenome. Outras, demoram algum tempo e em certas ocasiões, que nem é bom lembrar, chega-se mesmo a ignorar alguns deles, sem remorso nenhum.
Que espécie de gente diferente essa. Acostumados ao troca-troca da profissão, carregam vários sobrenomes e mudam de embalagem com a maior facilidade, como as marcas para que trabalham.
Por falar nisso, começam a aparecer os nomes dos diretores de criação que vão fazer parte dos júris do festival de Cannes. Alguns nossos conhecidos, outros ilustres desconhecidos. Mas, pelos sobrenomes, vai ser fácil reconhecê-los. O Bob Scarpelli DDB Worldwide será o presidente dos júris de Film e Press, Alex Bogusky Crispin Porter + Bogusky presidirá o júri do Titanium. As feras já começaram a rugir.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

De olho na tela II - Sim ou Não, eis a questão

Mudando um pouco de assunto, vamos falar de questões mais políticas, digamos assim. O mercado de publicidade tem um certo preconceito sobre o assunto. Mas, pelo que tenho observado, algumas campanhas e algumas ideias poderiam perfeitamente concorrer a algum leão em Cannes. É jogar os homens às feras, literalmente. E, pensando bem, alguns até que merecem.
Aqui em Portugal, estamos em plena pré campanha para o segundo referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). No primeiro, em 1998, venceu o Não. Existe uma lei injusta que penaliza ou melhor, manda para a prisão, as mulheres que, coitadas, além de terem feito o que ninguém quer fazer, ainda vão a julgamento e podem até parar na cadeia. Sofrimento pouco é bobagem.
Voltando à Campanha, não se fala de outra coisa. Debates, opiniões, conferências, discussões e os mais diversos pontos de vista são colocados na nossa frente, assim, nu e cru. A intimidade feminina está a ser devassada por todos. E pior, o direito de decidir sobre a pior das decisões é questionada com argumentos inacreditáveis, principalmente pelos apoiantes do Não. Nas ruas, outdoors e folhetos inundam a cidade de sangue. É para esclarecer, dizem, como se a condição feminina não soubesse. Votar Sim, mudar uma lei injusta, é uma exigência dos novos tempos. Tempos de modernidade, tempos de uma nova Europa dos cidadãos e cidadãs, onde este país está inserido.
Como nem sempre os melhores anúncios de oportunidade são veiculados nos espaços comerciais, uma cena brilhante, com duas atrizes fantásticas, fez o favor de colocar um dos argumentos utilizados pelos apoiantes do Não em pleno horário nobre. Foi numa cena em que a Doutora Helena e a avó dos gémeos, do Páginas da Vida, se encontram frente a frente, numa conversa carregada de emoção. O diálogo entre as duas, no contexto da novela, mais do que perfeito. Como argumento para a Campanha do momento, imperfeito e tendencioso.
Acredito que nada do que entra na nossa telinha é por acaso, principalmente se levarmos em consideração que este capítulo foi veiculado num domingo à noite. Por isso, a campanha pelo Não já começou. E, mais uma vez, sem levar em conta que o que está em causa no referendo é a clandestinidade do ato, prejudicial à saúde física e psíquica da mulher. Um Sim à cena. E um Não à oportunidade perversa e manipuladora.


segunda-feira, janeiro 22, 2007

Mania de você

Todos nós temos um pouco de jurados dos filmes em Cannes. Quem não gostaria de estar lá, vendo aquele monte de idéias e decidindo o quem é mais e melhor da nossa profissão. Mania de grandeza ou o mercado pensante em ação? De minha parte, já há algum tempo que comecei a fazer a minha seleção particular É uma mania, mas que não é só minha. Tem muito boa gente, que não confessa, mas vai pelo mesmo caminho.
O primeiro sinal de alerta acontece quando você está em frente a uma televisão e é literalmente apanhado pelos tais trinta segundos. Por algum desses motivos inexplicáveis, você para imediatamente o que estava fazendo e congela. Em seguida, exclama bem alto para quem quiser ouvir ‘Ótimo, esse leva um leão’. Mas, o pior vem depois. A partir daquela primeira vez ficamos mais atentos e, por incrível que pareça, fazemos zapping nos intervalos publicitários, para ver o tal filme agora observando melhor os detalhes.
Bem, isso dura aproximadamente umas cinco, seis aparições. Só ficamos satisfeitos quando tudo está bem registrado para, com a segurança de um criativo, poder comentar a brilhante ideia com os amigos. Dali pra frente, não tem jeito. Começamos a torcer pelo tal comercial como se ele tivesse sido feito por nós. Não sabemos quem criou, qual foi a agência mas uma certeza a gente tem. A de que aquele vai ser um sério concorrente em Cannes.
O filme da Mercedes é um deles. Não sei quem fez, quando, onde e até se já foi premiado. Ter um carro como este nem faz parte do meu sonho de consumo assim, como direi, mais imediato. Mas, tudo é bom nele. A luz, a música, a mensagem, a ideia, o produto, a estrada e até aqueles monstros invisíveis que se transformam pelo caminho.
Já viu? Então veja de novo.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Ginástica para os neurónios

Daqui a pouco é junho e olha aí mais um Festival de Cannes. As inscrições começaram e nas agências, mais trabalho. A escolha do quem vai nos representar, o que mandar este ano, o se vale a pena investir tanto dinheiro e a grande incógnita, presente em todas as reuniões, a do será que este ano a gente traz um leão, já estão esquentando as conversas no café.
Acho sempre que quem não arrisca, não petisca. O ditado pode ser velho, e é, mas também acho, depois da minha experiência por lá no ano passado, que mais do que trazer leões, quem tem a sorte de participar de um evento como este, tem a obrigação também de olhar para os lados. Nos bons e nos maus sentidos, se é que existem.
Achismos à parte, assistir às primeiras seleções de filmes, ter tempo para examinar os anúncios que ficam por ali, generosamente expostos, subir e descer as escadarias - sem deixar de olhar bem para os lados - à procura dos auditórios, ouvir e entender o que dizem os palestrantes são um bom começo para o exercício diário de atenção a que somos submetidos. Depois da ginástica para os neurônios, o prazer, porque também ninguém é de ferro.
As festas, os jantares, as entregas de prémios, os encontros com os amigos e a Riviera bem ali a nos lembrar onde é que nós estamos, também fazem parte da paisagem. E que paisagem.
O leão é importante? É, e muito. Mas não se esqueça que tem um circo todo armado à nossa espera. Como em todo espetáculo, vê melhor quem paga o ingresso mais caro. Mas, usando a tal da nossa criatividade, mais do que reconhecida nos quatro cantos do mundo (exagero?), tenho a certeza que se marcarmos presença, de qualquer lugar vamos assistir e participar intensamente deste desfile de novas ideias do chamado mercado da comunicação.
Publicitários e publicitárias, leões e leoas preparem-se. Cannes é logo ali!

Trabalho, suor e…

Sangue novo para esta nossa profissão. Além da famosa e já tradicional competição dos sortudos Youngs, pela primeira vez o Festival vai abrir as portas, por sinal sempre muito bem vigiadas por seguranças, para estudantes das áreas de marketing, comunicação e publicidade.
As universidades interessadas podem mandar os seus pupilos assistirem aos seminários e workshops que vão estar no programa. Com certeza, esses felizardos vão desde cedo aprender que a tal da inspiração exige muito trabalho, suor e … cerveja?

De olho na tela I - Leão de lata

O Youtube não nos deixa mentir. Ciccarelli com o namorado numa praia da Espanha, Saddam com a corda no pescoço em Bagdá. A celebração da vida e o fatídico encontro com a morte já anunciada.
Na tela dos celulares o olho indiscreto, curioso, perverso e doentio de todos nós. Tentativa de censura, críticas, arrependimentos, para quê? É o espelho do nosso tempo, onde a intimidade é constantemente violada, refletida e veiculada quase como um comercial no chamado horário nobre. O primeiro Leão de lata em Cannes.