quarta-feira, outubro 10, 2007

Páginas da Vida

As mulheres brasileiras foram manchete de primeira página. Mas não pelos melhores dos motivos. “Brasileiras são as maiores vítimas do tráfico para fins sexuais”, grita a matéria do jornal “Público” sobre um estudo feito na Universidade de Coimbra e apresentado com pompa e circunstância na conferência ‘Tráfico de seres humanos’, organizado pela presidência portuguesa da União Europeia. “A maioria das vítimas de tráfico sexual em Portugal é de nacionalidade brasileira, seguindo-se as mulheres da Europa de Leste e as africanas, começando a evidenciar-se as de nacionalidade nigeriana”, explicou a investigadora para um auditório repleto com os chamados donos do poder.
Enquanto o mundo dito civilizado discute a igualdade entre os gêneros e a tolerância zero para este tipo de crime, nós publicitários e publicitárias o que fazemos? comerciais de trinta segundos em que nossos peitos são transformados em refrigerantes, cartazes de sandálias com curvas ‘femininas’ para serem pisadas por pés masculinos suados e incentivamos as futuras candidatas a famosas a posarem nuas nas págianas de revistas, nunca sem antes deixar de declarar o nome do seu político-amado-amante. Moralismos à parte, um certo cuidado com o bom gosto, o respeito e um quê de senso estético não ficaria mau a ninguém. Pobreza, violência, estupidez, falta de perspectivas e ignorância são alguns dos males do mundo mas, porque vamos ajudar a agravá-los. Rir não é o melhor remédio.