quinta-feira, setembro 11, 2008

Bateu Forte

Morar longe tem dessas coisas. Estava eu posta em sossego aqui em Lisboa fazendo a minha peregrinação on line diária pelas notícias do dia-a-dia e o que encontro? Um vídeo de lançamento do Destak no Rio com direito a praia, esquina de tantas passagens, trânsito e até uma entrada na McCann, onde também trabalhei, com direito a farta distribuição do jornal. A saudade, este sentimento tão nosso, tão luso, bateu forte. Pra você que não me esqueceu, aquele abraço...




quarta-feira, setembro 10, 2008

Fazendo Blague

Tudo o que eu tenho
Eu sei curar
Com um livro na mão
A sopa de então
E a lembrança do seu olhar
Para me acalmar

terça-feira, agosto 12, 2008

Será que vai virar moda?

Quem diria... em nome de um menor uso do ar condicionado no verão, as Nações Unidas resolveram declarar guerra à gravata para todas as pessoas que frequentam a sede da instituição em Nova Iorque este mês. Traje informal, de preferência sem casaco, foi o pedido feito que pretende economizar milhares de dólares e diminuir a emissão de toneladas de dióxido de carbono, o gás que provoca o buraco de ozono.

Mas por aqui, em Lisboa, apesar dos esforços de alguns, a guerra é outra. “Tirar a gravata é um sinal de modernidade, sinal do que tem acontecido na sociedade portuguesa”, explicou ao Diário de Notícias, o jornalista José Alberto Carvalho - o primeiro a ter a coragem de ter dado um passo inédito na televisão pública ao apresentar o Telejornal da RTP sem gravata. “Esta idéia teve o efeito de aproximar mais as pessoas já que as 20:00 horas duvido que muita gente nos esteja a ver de gravata”, concluiu. É o chamado quarto poder a afrouxar o nó das relações e a dar um toque mais informal ao tradicional fato completo.

domingo, julho 06, 2008

Internetite Aguda

Se você é daqueles que costuma abandonar um livro ao fim de algumas páginas, não tem paciência para ler um artigo de opinião mais ou menos longo no jornal, se perde nas fotos e nas legendas das revistas sem prestar a mínima atenção no texto da reportagem, não é capaz de ler de primeira um briefing com mais de dois ou três parágrafos, foge dos longos capítulos online que de repente surgem, nunca sem antes passar para o link seguinte, e não consegue se concentrar numa determinada leitura sem interromper e responder ao messanger, enquanto escolhe outra música no IPod para entrar mais no ‘clima’, não se assuste mas está sofrendo de Internetite aguda.

Sem remédio conhecido, os sintomas variam de usuários para usuários e quanto mais plugados estamos mais plugados vamos ficar neste corre-corre digital diário. Desconfio, aqui do alto das minhas teclas, que não é só na forma como lemos mas também na maneira como pensamos e agimos que as novas tecnologias estão ajudando a mudar. O pensamento único, mais duradouro e profundo deu lugar ao raciocínio fragmentado, ágil, aparentemente mais superficial, de curta duração e repleto de novos caminhos e informações. A diversidade tomou conta do mundo e quem tiver talento e curiosidade para descobrir, coragem para correr riscos e souber aproveitar, verá.

sexta-feira, maio 09, 2008

Achou, Ganhou!

É bom ver uma campanha dar certo. Foi o que aconteceu no último final de semana aqui em Lisboa com a do Banco Alimentar Contra a Fome. Milhares de voluntários de todas as idades recolheram nos supermercados, cerca de 1500 toneladas de alimentos para serem distribuídos para quem mais precisa. Atualmente são 232 mil pessoas, mais 22 mil do que há um ano, que, de outra forma, passariam fome num país com cerca de 10 milhões de habitantes.

Talvez por um não tão distante passado de grandes dificuldades, os portugueses são muito solidários. Nos sacos que eram entregues na porta, havia de tudo - massas, garrafas de óleo, bacalhau, latas de salsicha, biscoitos, arroz e até balas, chocolates e outras delícias. Carregada com as minhas compras, olhei para mais um carrinho repleto de sacos e mais sacos à espera de serem levados e distribuídos. Bem ao lado desses artigos de primeira necessidade havia um pacote que me chamou a atenção. Saindo assim meio para fora, uma pilha de CDs, um mouse e um teclado de computador, tudo novo, recém comprado para alimentar os sonhos e, quem sabe, o futuro de alguém.

E por falar em futuro, cinco milhões de portugueses, o que equivale a metade da população de Portugal, vivem fora. Muitos procuram os outros países desta Europa sem fronteiras, outros encontram-se nos EUA (1,3 milhões), na França (800mil) e no Brasil (700 mil). Os novos fluxos migratórios estão por todo a parte e a busca pela sobrevivência pode chegar como um brinde dentro de uma caixa cereais.

quarta-feira, abril 30, 2008

On Off

Tenho acompanhado todas as etapas deste tristíssimo e monstruoso episódio do caso Isabella. Mesmo com um oceano a nos separar, é impossível não ouvir, não comentar e fugir da vontade de julgar e dar opiniões. Sigo sempre assustada às próximas cenas deste CSI São Paulo, com a certeza de que as boas e más notícias voam e na era em que vivemos, perderam de vez a vergonha e as distâncias.

Quando menos se espera, somos levados a assistir a mais um espetáculo mediático onde o número principal não é o dos jornalistas que fazem o seu trabalho, dos editores competentes, deste arsenal tecnológico de todos os dias ou do batalhão de polícias e peritos quase sempre atentos. Assombrados, constatamos que o edifício London, palco desta tragédia toda, não fica nada a dever ao Ocean Club, resort de classe média alta, onde há exatamente um ano desapareceu a menina inglesa no Algarve.

No rufar dos tambores o salto sem rede é que a vida real está ali, agora muito mais próxima de nós, na janela de um sexto andar ou no térreo de uma varanda ensolarada, capturada por uma câmera qualquer. Com um olhar mórbido e penalizado fazemos ON em vez de OFF e, gostando ou não, ficamos com as emoções em suspenso. O ingresso para a próxima temporada deste circo dos horrores já está à venda e custa caro.

sexta-feira, abril 18, 2008

O desacordo ortográfico

Enquanto os homens exercem e discutem o sai não sai do novo acordo ortográfico, outros já começaram a se despedir da grafia das suas palavras preferidas e chegam mesmo a declarar que vão sentir saudade do trema da linguiça. Nada contra, muito antes pelo contrário… Em causa está uma série de alterações na forma como algumas palavras vão passar a ser escritas e acentuadas. Coisas como o p de óptimo que vai embora, o hífen que não irá fazer a menor falta no fim de semana e o c de actual que cai para deixar tudo mais simples, mais atual. Para que não haja maiores confusões, certas palavras até vão manter a dupla grafia para lembrar que Portugal e o Brasil, apesar de países irmão, não são gémeos/gêmeos. E o melhor de tudo - o K, Y e o W, banidos num passado recente, voltam a fazer parte da família das 26 letras do nosso alfabeto.

Por cá, os mais interessados tentam prestar atenção nos prós e contras dos artigos de opinião, debates, entrevistas, matérias de revistas, declarações, sugestões, concursos televisivos e até numa conferência internacional realizada para discutir tema de tão grande relevância. Sem poder meter a colher, os verdadeiros donos da língua - os 200 milhões de falantes espalhados por todo o mundo - continuam de boca aberta e com o prato ainda vazio, aguardando pelas novas regras dessa sopa de letrinhas que já está demorando muito a ser servida.

Por perto, mas ainda distantes deste pode não pode, eles continuam a conversar via web e SMS inventando uma grafia toda própria, cheia de símbolos e novas palavras, numa comunicação muito especial - os jovens portugueses dos 15 aos 24 anos enviam em média, 29 mensagens escritas por dia através dos seus celulares, revelam os resultados do Barômetro das Telecomunicações relativos ao mês de março. De facto - ou será de fato - o futuro da língua está à salvo. Aguardem.

sexta-feira, março 28, 2008

Mas como dói


O Aedes Aegypti, causador da epidemia de dengue, está a ser muito mediatizado aqui em Lisboa, com notícias diárias nos meios de comunicação, além de alertas aos médicos de plantão para estarem atentos aos sintomas que possam aparecer em alguns dos seus viajados pacientes. Os vôos da Tap que chegam do Rio também estão passando por uma desinfecção - depois dos passageiros estarem todos acomodados, é aplicado um spray na cabine para eliminar os mosquitos portadores da doença que eventualmente tenham conseguido entrar no avião, dizem eles. Em homenagem ao poeta - a minha cidade maravilhosa é apenas um postal na parede. Mas como dói.

quarta-feira, março 19, 2008

Os nossos comerciais, por favor!

Depois de muito pensar, ponderar e até fingir para mim mesma que ficar ligada na Globo Internacional por mais 10 euros (o valor de duas ida ao cinema sem a pipoca) era desnecessário, e que até poderia se tornar um vício irreparável nessas tardes ainda frias de final de inverno, me vi assinando mais um contrato de adesão. No meu primeiro domingão, todos, ou quase todos, estavam lá - o Caldeirão do Hulk, que consegue misturar música brega a uma ótima reportagem sobre a transformação de uma cantina italiana muito pouco familiar, a emoção de ouvir Elis Regina e Maria Rita cantando e os 15 anos do Manhattan Connection em São Paulo, a nossa mais completa tradução. Sem falar no Big Brother com a tribo que fala pouco, grita muito, se sacode toda e acaba mesmo no paredão. De olhos grudados na telinha e intoxicada com tanta informação tupiniquim, não estava para ninguém. Mas nos intervalos… só foram veiculados comerciais para Angola (!) e dirigidos aos angolanos(!!!). Como publicitária e consumidora nas horas vagas, pergunto - onde estão os nossos produtos? onde estão os nossos comerciais, por favor? Os telespectadores brasileiros e portugueses cá da terra desde já agradecem.

terça-feira, março 11, 2008

EU VI

Apesar do frio e da chuva do final de semana cinzento, sábado último foi quente por aqui – os professores vindos de norte a sul encontraram-se em Lisboa para uma mega manifestação contra as políticas de educação do governo. Perto de 100 mil pessoas, dois terços dos docentes do país, desfilaram pelas ruas e avenidas do centro histórico da cidade. Trouxeram os seus protestos expressos nas palavras de ordem, nas declarações para a televisão e em faixas, muitas faixas, adesivos, crachás, t-shirts e cartazes. Tinha de tudo, desde o famoso sorriso aplicado com a frase “Ministra, sorria, está a ser avaliada” até o famoso “Eu vou” do Rock in Rio que já está a ser anunciado. Alguns produzidos especialmente para a ocasião, outros feitos à mão, toscamente, mas nem por isso menos criativos.
De luto e em luta desceram a Avenida da Liberdade, acompanhados por seus dizeres para quem quisesse ver e ouvir. No mundo da alta tecnologia, onde a maioria dos que estavam presentes foram convocados por e-mails ou sms, também há espaço para os chamados materiais da ‘baixa tecnologia’. Aguarda-se com ansiedade a segunda fase da campanha.

sexta-feira, março 07, 2008

O Desembarque

Amanhã fazem 200 anos que D.João VI, com todo o respeito, desembarcou com mala e cuia no Rio de Janeiro. E bota mala nisso - junto com o digníssimo veio toda a corte portuguesa, ou parte dela, Carlota Joaquina, a histérica e D.Maria, a louca. Vieram fugidos das tropas napoleônicas que chegavam a Portugal e o soberano estratégico, como hoje é visto, foi “O único que me enganou”, nas palavras de Napoleão.
Acredite se quiser, mas hoje, véspera do grande data ou melhor, “a data em que o Brasil passou de periferia a centro das atenções (!)”, de acordo com um artigo do DN, muita pompa e circunstância aguardam os encontros dos Presidentes republicanos dos chamados países irmãos.
Enquanto monarquicamente estouram champanhes e comem faisões debaixo dos candelabros de cristais do poder, do outro lado do Atlântico, na vizinha Espanha, aqui bem perto, brasileiros fugidos de outra guerra - a da sobrevivência - são desumanamente impedidos de entrar em terras Del Rei. Alguns deles, estudantes, trabalhadores e, quem sabe, algum publicitário perdido a caminho de Lisboa. “ Festejar a história do passado é usá-la como instrumento para a do futuro”, declarou o chefe do Estado português do alto de sua sabedoria. Sobre o acontecido, nem uma palavra. Nos porões de um aeroporto qualquer, alguns ainda aguardam melhores dias. Infelizmente, o século XIX ainda não acabou!