quinta-feira, março 08, 2007

Vale a pena ler de novo


Ontem resolvi fazer aquele tipo de trabalho que a gente sempre deixa para depois - organizar o que já escrevi sobre o Festival de Cannes 2006, abrir uma pasta e guardar no computador para, quem sabe, futuras consultas.
Para minha surpresa, descobri que os temas das palestras que eu havia assistido são ainda muito atuais e fico imaginando o que é que vão inventar para dizer nas próximas.
Vamos aguardar que aí vem mais. Por enquanto, os melhores momentos de um passado não tão distante.

Palestra - Não se preocupem pq a TV não vai acabar, diz a Carat
No Debussy Auditorium, apresentada por Susannah Outfin, CEO, e Malcolm Hunter, diretor de planejamento, ambos da Carat.

A casa estava cheia na palestra da Carat e o tema era prá lá de interessante - as soluções que a comunicação deverá encontrar para atingir os consumidores no futuro próximo. Para início de conversa, começaram por nos alertar que essa noção de futuro tem que ser repensada. Porque muito do futuro está aqui e agora. Dito isso, veio outra máxima - a de que o consumidor hoje decide, cria e arranja soluçoes por ele mesmo. Com as novas mídias e as novas tecnologias, sempre elas, as pessoas ganharam muito mais liberdade para decidir o que comprar, fazer amigos e muitos chegam mesmo a criar o seu próprio mundo virtual. O novo futuro, mais que um fenômeno tecnológico, é um fenômeno social. O consumidor quer estar no centro das decisões e ser o ator principal do seu mundo real. Ou será virtual? Nao quer mais que lhes contem uma história, quer ser parte desta história. Os Big Brothers e os Americans Idols estao aí e nao nos deixam mentir. Algumas observações interessantes foram ditas durante a palestra e nos fazem pensar neste novo comportamento, muito mais fácil de sentir na geraçao dos teenagers. Voce sabia que atraves da utilizaçao das chamadas novas mídias, a eleição para o programa Americam Idol, na TV americana, obteve maior numero de votos que a eleição para presidente? Que muito mais próximo do que se imagina, através da internet, teremos grandes amigos que nunca iremos encontrar? Apesar deste novo comportamento, as chamadas mídias tradicionais não devem ser jogadas fora. Não se preocupem porque a TV nao vai acabar. Esta brilhante invenção do século passado vai ser parte de todo esse processo. Temos, sim, que continuar a descobrir novas maneiras para buscar a atenção desse admiravel consumidor novo, cada vez mais dono da sua vida.

Palestra - Games podem combinar bem com publicidade, não é?
No Debussy Auditorium, apresentada por Reza Ghaem Maghami e Simon Bond, da Proximity.

Se você ainda nao se preparou para entrar no mundo dos games, peça ajuda aos seus filhos e netos porque uma nova revolucão está ai. Brincadeiras à parte, foi isso que ficou mais do que claro na apresentacão da Proximity sobre essa indústria que movimenta mais dinheiro do que a da música e a do cinema juntas (!).
Parece fantástico? E é. Imagine que na Coreia do Sul, existem 4 canais de TV só para os viciados em games. Os profissionais da PlayStation são tratados como megastars e os games têm a preferência nacional no quesito 'o que fazer para passar o tempo'. E não sao só os jovens que estão jogando Spider Man 2 ou Lara Croft. Mulheres e homens mais velhos já começaram a frequentar este espaço virtual repleto de idéias - "Mas parece que o mercado publicitário ainda nao descobriu esse filão para conquistar novos consumidores" - avaliam, instigantes, os jovens e criativos palestrantes que ouvi hoje aqui no Palais. Lá de cima do palco, na telona, de vez em quando aparecia uma demonstração interessante do que se pode fazer com os games. Um futebol virtual com os cartazes do campo com as marcas dos patrocinadores; se preferir, um PacManhattan, especial para celulares ou, quem sabe, Lara Croft bebendo o seu refrigerante preferido num 'Game pause'. Refrescante, não é? Para acompanhar, que tal pedir uma pizza online num jogo em que tudo pode acontecer antes da entrega chegar as suas mãos. Por pouco a gente nao acaba acreditando que aquilo tudo ali é mesmo verdade...


Palestra - Martin Sheen e Arianna Hunffington, mas que idéias...
No Debussy Auditorium, painel com o ator Martin Sheen, a blogueira Arianna Hunffington e o roteirista Michael Patrick King, de 'Sex and The City'. O moderador foi Craig Davis, diretor de criaçao mundial da JWT.


Formidável. Pop. Brilhante. The Best. Melhor do que esta vai ser difícil. Nada como ouvir quem realmente entende de gente. Público alvo, no nosso publicitês. Foi esta a 1a sensação que tive ao assistir essa palestra com o sugestivo tema 'Idéias para o nosso tempo'. Craig Davis acertou em cheio e nós, da platéia, só podemos aplaudir. Foi uma aula de bom humor, bom senso e, principalmente muito respeito pelo que estava sendo dito. No palco, gente que sabe o que faz, e como faz - um publicitário, um ator, uma blogueira e um roteirista. Quer melhor combinação para uma boa conversa?
Cada um, a seu tempo, falou sobre a sua experiência vencedora. O porque de terem tido sucesso. O chamado mistério. Para Martin Sheen, o segredo está em procurar uma interpretaçao cada vez mais próxima do dia a dia das pessoas. Para Arianna, os blogs sao a mídia mais íntima que existe. É emoçao pura e simples em real time. Com a vantagem de sempre dizerem alguma coisa que foge do convencional. Uma escrita rápida que quebra padrões de comportamento e aparece e desaparece num piscar de olhos ou melhor, de dedos.
Michael Patrick King, o rei do diálogo bem construído, afirma que a ousadia é mais do que necessária. E disse mesmo que, enquanto escrevia as conversas para suas personagens no seriado, tinha a absoluta certeza de que certas palavras e certos comportamentos nunca haviam ainda sido mostrados na TV. Mas como é que a publicidade pode fazer parte deste mundo das idéias, sem parecer uma intrusa na vida do consumidor. A resposta veio numa frase de apenas cinco palavras - 'Reflect life in another way'. Precisa traduzir?


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