sexta-feira, março 07, 2008

O Desembarque

Amanhã fazem 200 anos que D.João VI, com todo o respeito, desembarcou com mala e cuia no Rio de Janeiro. E bota mala nisso - junto com o digníssimo veio toda a corte portuguesa, ou parte dela, Carlota Joaquina, a histérica e D.Maria, a louca. Vieram fugidos das tropas napoleônicas que chegavam a Portugal e o soberano estratégico, como hoje é visto, foi “O único que me enganou”, nas palavras de Napoleão.
Acredite se quiser, mas hoje, véspera do grande data ou melhor, “a data em que o Brasil passou de periferia a centro das atenções (!)”, de acordo com um artigo do DN, muita pompa e circunstância aguardam os encontros dos Presidentes republicanos dos chamados países irmãos.
Enquanto monarquicamente estouram champanhes e comem faisões debaixo dos candelabros de cristais do poder, do outro lado do Atlântico, na vizinha Espanha, aqui bem perto, brasileiros fugidos de outra guerra - a da sobrevivência - são desumanamente impedidos de entrar em terras Del Rei. Alguns deles, estudantes, trabalhadores e, quem sabe, algum publicitário perdido a caminho de Lisboa. “ Festejar a história do passado é usá-la como instrumento para a do futuro”, declarou o chefe do Estado português do alto de sua sabedoria. Sobre o acontecido, nem uma palavra. Nos porões de um aeroporto qualquer, alguns ainda aguardam melhores dias. Infelizmente, o século XIX ainda não acabou!

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