sexta-feira, março 28, 2008

Mas como dói


O Aedes Aegypti, causador da epidemia de dengue, está a ser muito mediatizado aqui em Lisboa, com notícias diárias nos meios de comunicação, além de alertas aos médicos de plantão para estarem atentos aos sintomas que possam aparecer em alguns dos seus viajados pacientes. Os vôos da Tap que chegam do Rio também estão passando por uma desinfecção - depois dos passageiros estarem todos acomodados, é aplicado um spray na cabine para eliminar os mosquitos portadores da doença que eventualmente tenham conseguido entrar no avião, dizem eles. Em homenagem ao poeta - a minha cidade maravilhosa é apenas um postal na parede. Mas como dói.

quarta-feira, março 19, 2008

Os nossos comerciais, por favor!

Depois de muito pensar, ponderar e até fingir para mim mesma que ficar ligada na Globo Internacional por mais 10 euros (o valor de duas ida ao cinema sem a pipoca) era desnecessário, e que até poderia se tornar um vício irreparável nessas tardes ainda frias de final de inverno, me vi assinando mais um contrato de adesão. No meu primeiro domingão, todos, ou quase todos, estavam lá - o Caldeirão do Hulk, que consegue misturar música brega a uma ótima reportagem sobre a transformação de uma cantina italiana muito pouco familiar, a emoção de ouvir Elis Regina e Maria Rita cantando e os 15 anos do Manhattan Connection em São Paulo, a nossa mais completa tradução. Sem falar no Big Brother com a tribo que fala pouco, grita muito, se sacode toda e acaba mesmo no paredão. De olhos grudados na telinha e intoxicada com tanta informação tupiniquim, não estava para ninguém. Mas nos intervalos… só foram veiculados comerciais para Angola (!) e dirigidos aos angolanos(!!!). Como publicitária e consumidora nas horas vagas, pergunto - onde estão os nossos produtos? onde estão os nossos comerciais, por favor? Os telespectadores brasileiros e portugueses cá da terra desde já agradecem.

terça-feira, março 11, 2008

EU VI

Apesar do frio e da chuva do final de semana cinzento, sábado último foi quente por aqui – os professores vindos de norte a sul encontraram-se em Lisboa para uma mega manifestação contra as políticas de educação do governo. Perto de 100 mil pessoas, dois terços dos docentes do país, desfilaram pelas ruas e avenidas do centro histórico da cidade. Trouxeram os seus protestos expressos nas palavras de ordem, nas declarações para a televisão e em faixas, muitas faixas, adesivos, crachás, t-shirts e cartazes. Tinha de tudo, desde o famoso sorriso aplicado com a frase “Ministra, sorria, está a ser avaliada” até o famoso “Eu vou” do Rock in Rio que já está a ser anunciado. Alguns produzidos especialmente para a ocasião, outros feitos à mão, toscamente, mas nem por isso menos criativos.
De luto e em luta desceram a Avenida da Liberdade, acompanhados por seus dizeres para quem quisesse ver e ouvir. No mundo da alta tecnologia, onde a maioria dos que estavam presentes foram convocados por e-mails ou sms, também há espaço para os chamados materiais da ‘baixa tecnologia’. Aguarda-se com ansiedade a segunda fase da campanha.

sexta-feira, março 07, 2008

O Desembarque

Amanhã fazem 200 anos que D.João VI, com todo o respeito, desembarcou com mala e cuia no Rio de Janeiro. E bota mala nisso - junto com o digníssimo veio toda a corte portuguesa, ou parte dela, Carlota Joaquina, a histérica e D.Maria, a louca. Vieram fugidos das tropas napoleônicas que chegavam a Portugal e o soberano estratégico, como hoje é visto, foi “O único que me enganou”, nas palavras de Napoleão.
Acredite se quiser, mas hoje, véspera do grande data ou melhor, “a data em que o Brasil passou de periferia a centro das atenções (!)”, de acordo com um artigo do DN, muita pompa e circunstância aguardam os encontros dos Presidentes republicanos dos chamados países irmãos.
Enquanto monarquicamente estouram champanhes e comem faisões debaixo dos candelabros de cristais do poder, do outro lado do Atlântico, na vizinha Espanha, aqui bem perto, brasileiros fugidos de outra guerra - a da sobrevivência - são desumanamente impedidos de entrar em terras Del Rei. Alguns deles, estudantes, trabalhadores e, quem sabe, algum publicitário perdido a caminho de Lisboa. “ Festejar a história do passado é usá-la como instrumento para a do futuro”, declarou o chefe do Estado português do alto de sua sabedoria. Sobre o acontecido, nem uma palavra. Nos porões de um aeroporto qualquer, alguns ainda aguardam melhores dias. Infelizmente, o século XIX ainda não acabou!