quinta-feira, setembro 23, 2010

ELÉTRICO 28 E

O dia era para andar a pé pela cidade. Mas não resisti e na primeira curva do tempo apanhei o elétrico (bonde) 28E, com o logo da Coca-Cola estampado na carroceria, e embarquei nos solavancos da memória. Na primeira parada do sobe e desce das ladeiras de Lisboa, meu avô entrou com o seu terno de casimira e me pegou pela mão. Sem destino, subimos à caminho da Muda - a Cascatinha na Floresta da Tijuca me esperava com o seu verde exuberante, cheiro de mato e um belo bife com batatas fritas no restaurante com guardanapos de linho branco. Chiado, Rua da Conceição, Sé… No Largo da Carioca, Sta. Tereza me protege dos programas inesperados vendo a cidade de cima e a vida que rola nos trilhos do caminho - tlim, tlim, tlim registra o motorneiro pendurado no estribo. Solta-se o beijo. Miradouro de Sta. Luzia, Portas do Sol… as muralhas do Castelo de São Jorge defendem a tarde que teima em cair sobre o rio Tejo. Do outro lado do azul imenso, uma menina carioca anda no reboque do bonde até o Bar 20 - cinema Pirajá, a esquina do Bob’s, a janela da sala de aula, a areia fina e a praia ali tão perto. O mar chama e é chama de todos os desejos. Bairro da Graça, rua Forno dos Tijolos, Igreja dos Anjos… na Avenida Rio Branco esquina com México, ainda posso vê-los sempre que passo por ali - são os amigos da McCann e da conta que trabalhei por tanto tempo que me acenam. Será esse o bonde chamado felicidade?