segunda-feira, junho 25, 2007

Fim de Festa




Já estou em Lisboa, tentando me organizar para enfrentar a semana depois desse vendaval de boas idéias e ótimos encontros que participei no Festival. Não sou muito de fazer balanço e análises profundas do que vi e ouvi. Gosto de guardar na memória ou quando são realmente inesquecíveis, do lado esquerdo do peito para, quem sabe, mais tarde recordar. Mas não resisto em fazer, ainda meio a quente, a minha lista de best of:

- o perfeito entrosamento entre Charles - o computador, a máquina digital e eu. É ótimo trabalhar em trinca quando tudo funciona.
- o ambiente do press-center. Confortável e barulhento quando necessário.
- andar pela Croissette de manhã bem cedo e dar um mergulho no Mediterrâneo para refrescar. A água é fria, bem fria. Mas quem resiste.
- Ler o Nice Matin, toda matin.
- Ver os ilustres desconhecidos passarem, saber que somos da mesma tribo sem nem precisar cumprimentá-los.
- Olhar as modas e os preços, sempre caríssimos. Não resistir e acabar por comprar uma coisinha.
- a Nichoise. Por muito tempo, vou ficar sem comer salada na hora do almoço.
- a festa de abertura do Festival. Pena que o som ficou mais baixo depois de uma determinada hora. Mas a decoração da mesa…
- o hotel Carlton e o Martinez no final da tarde.
- a festa no Suquet. Saí de lá com um bouquet de flores. Tão popular, tão francês.
- tropeçar em amigos pelo caminho. Alguns do bluebus outros, de outros carnavais.
- a atenção do Júlio e da Elisa, sempre presentes, à distância de um clique.

Depois de todos esses lugares comuns, o pôr-do-sol do meu último dia na Baía de Cannes e o carrossel na praça. Um dia eu ainda volto para andar nele de novo.

sexta-feira, junho 22, 2007

Al Gore. O Leão Verde




"Fotos só nos primeiros cinco minutos". Depois de esperar numa grande fila e debaixo do maior sol, afinal estamos no verão em pleno Mediterrâneo, finalmente lá conseguimos entrar. Alguma revista e uma certa correria. “Fotos só nos primeiros cinco minutos”, avisavam insistentemente toda vez que viam uma câmera pronta para atirar. Lugar na frente, antes da área VIP, e um slide show para criar ambiente. Tudo preparado, só faltava esperar pela entrada do tão aguardado. Luzes diminuem, entra um clipe pedindo socorro e surge a terra, linda, colorida, no telão. Apresentações feitas, Al Gore no palco. Ele agradece a presença de todos e a da sua mulher que o acompanhou. Os das digitais e tele-objetivas voltam para o seu lugar.
"Eu preciso da sua ajuda". Acredito que como eu, a maioria das pessoas que estavam na fila para entrar perceberam, logo nas primeiras palavras, que Al Gore não foi fazer uma palestra sobre meio ambiente. Como ele mesmo disse logo no início “I need your help”. Gore aproveitou a presença do mercado publicitário ali em peso e partiu para o ataque nessa sua missão de profeta do ambiente. Ele já esta na segunda fase da sua campanha, por sinal muito bem planejada, para essa verdadeira cruzada que muita gente desconfia mas, até agora, ninguém sabe onde vai chegar. Apresentar o grande problema ele já apresentou, a divulgação mundial foi feita – agora mesmo acaba de receber o Prêmio Príncipe das Astúrias, na Espanha, além de ter sido um dos nomeados para o Nobel. Não levou desta vez, mas não vai perder a esperança.
"O amanhã já é hoje". Nos minutos finais, depois de elogiar o público, alertou para a enorme responsabilidade de todos. Chegou mesmo a dizer que quando as notícias são más, ninguém quer pensar, ninguém que fazer. A crise ambiental exige e "poucas gerações ao longo da história tiveram o privilégio de perseguir um imperativo moral, uma causa partilhada e unificadora”. Depois das perguntas do auditório, mais um prêmio – o Green Lion de Cannes. Se continuar assim, o clima está mais do que favorável para Al Gore.


Da Série Fazendo Blague no Press-Center

. Que eles não me ouçam e nem me leiam, mas os italianos são os que mais falam. Falam uns com os outros, falam nos celulares, falam sobre tudo e sobre todos. Tem sempre uma tal de lista, la lista, dizem eles, na conversa. Discutem a mesma coisa várias vezes e, pior, adoram mostrar que estão falando. Vai entender...

. as jornalistas indianas, mulheres na maioria, tem a mania de ditar o texto. Enquanto uma fala, a outra tecla no computador. Deve ser por isso que dão um banho de rapidez nas chamadas novas tecnologias.

. os americanos trabalham e a gente nem da pela presença deles. Chegam, fazem tudo rápido e saem correndo de novo. Trabalham em bando.

. os portugueses são muito concentrados e prestativos.

. os brasileiros... adoram aparecer e mostrar que já chegaram no pedaço. Insistem mas, verdade seja dita, logo descobrem que ninguem da a menor bola pra isso.

. Só vi um negro. Todo o mundo é branco, pardo, verde (por causa das noites mal dormidas...) ou moreno por aqui. Porque.

. Imprimem de tudo na impressora pb perto de mim. Até o último modelo da Ferrari.

. Café, água, suco de laranja e vi até uma bandeja com baguetes passando pela minha frente. Deve ser miragem. Esta na minha hora de almocar.

. Cada teclado é um teclado. Os códigos para os acentos de ontem não servem para o texto de amanhã.


Com o Leão na Cabeça

O Festival ja está chegando ao fim. E o que mais se vê logo no primeiro andar do Palais, é o pessoal comprando lembrancas – bonés, camisetas, canetas, pastas, troféus pessoais mesmo para quem so veio aqui para assistir. Esses turistas por uma semana, quando voltarem para suas mesas de trabalho, com certeza vão deixar bem visiveis o lugar por onde passaram. E voltar um dia, quem sabe, para caçar um leão.

quinta-feira, junho 21, 2007

Bits and Bikes

São quase oito horas por aqui. Sol, calor e o pessoal pra lá e pra cá na Croissette. Uns, aproveitando o bom tempo para relaxar um pouco. Outros, já prontos para enfrentar a segunda etapa do Festival – as festas que já começaram a bombar na terra e no mar. Crianças tomam sorvete, namorados passeiam, o comércio fecha as portas e as bicicletas estacionadas esperam. Final de tarde ou começo de noite? Amanhã é um novo dia.

quarta-feira, junho 20, 2007

IF.....

Não tem jeito, o que a gente mais faz dentro do Palais, além de andar para lá e para cá com aquele olhar de perdidos na selva, é subir escadas. A da foto é a que leva diretamente ao andar do Debussy Theatre, onde tenho assistido a maioria das palestras.
Tem uma escada rolante ao lado, mas quem é que resiste a esses degraus da fama.
If you think you can do it, If you think you can, If you think. If you, If… cheguei.

segunda-feira, junho 18, 2007

Uploaders


A última moda em Cannes, depois da tatuagem na nuca.

A Beira de um Ataque de Nervos

Charles, o computador, ainda não se habituou com essas mudanças rápidas. Um dia está tranquilo, quieto e, de repente, sem ninguém avisar, tem que dividir o seu espaço apertado com papéis, carregadores de bateria, jornais e outras publicações. E o pior, tudo escrito em inglês e francês, línguas que ele conhece mas não domina inteiramente. Prefere o português autêntico, com todos os acentos e cedilhas a que tem direito.
No avião ele não deu trabalho nenhum. Viajou tranquilo no porta bagagem quase vazio e foi até carregado no colo por uma aeromoça prestativa. Mas quando chegou ao hotel, não aguentou e teve a primeira indisposição. Quem disse que ele aceitava funcionar em sistema Wifi. Não houve jeito. Tive que pedir ajuda à recepcionista francesa que depois de muito tentar, desistiu. Por muita boa vontade, não entendia os avisos que o Charles mandava lá das suas entranhas informatizadas, nem com a minha ajuda na tradução, diga-se de passagem, complicadíssima.
O que fazer? Vou tentar a velha saída de sempre - um pouco de paciência, leitura e muito diálogo que é para ver se ele compreende a situação. Algumas tentativas e alguns erros depois, e olha ele aí de novo dando um banho na língua de Camões. Chega até a me avisar, com um sublinhado discreto, quando eu olho para o lado e me distraio com essas mal traçadas linhas. Consegui. Aliás, conseguimos. Mas, depois dessa, já avisei que é a última vez. Mais um piti, eu o abandono de vez e compro um Mac novinho.

domingo, junho 17, 2007

Entrance et Sortie


Depois da revista, os anúncios de revista.

Sem comentários...


Já estava sentindo falta do espaço da Microsoft tão silencioso e especial. A boa música ambiente, a climatização excelente, o amável atendimento, continuam. Mas o silêncio… O pior é que a gente entende tudo o que estão falando, alto, como se aquele lugar fosse só deles. Conterrâneos no pedaço é barulho na certa. O som dos trópicos se ouve à distância. Bem, voltando ao spa em questão, o refúgio perfeito entre uma palestra e outra, tem uma frase que dá o tom exato do momento “If you you can think it you can do it”. Ouviram?

Publicidade, croissant e circo


Também existe vida do lado de fora do Palais. Principalmente num domingo quase verão. Apesar do tempo nublado, o desfile na Croissette era intenso. Bicicletas, carrossel, crianças, chiens, trem com reboques, sorvetes, crepes e flores, muitas flores, que as pessoas levavam para casa como buquets. Hoje, houve uma comemoração na cidade e foi farta a distribuição, inteiramente grátis. Promoção de primavera, dizem.
Na porta principal do Festival, bem em frente às famosas escadarias, aquelas estátuas vivas, uma dourada e outra prateada, ali paradas com uma multidão em volta torcendo para ver um piscar de olho, um tremor de boca, um desmaio, sei lá. Gente adora uma festa e se diverte com tudo. Até com publicidade.

sábado, junho 16, 2007

Primeiros sinais


Depois de uma viagem tranquila sem maiores sobressaltos, a não ser o avião lotado e uma senhora que passou as duas horas e meia conversando sem parar com a amiga, chegamos. Eu e Charles, o computador. Bagagem no ônibus, mais trinta minutos até Cannes. A cidade é aquele charme de sempre. Gente, compras e muitos publicitários ainda perdidos com o mapa na mão, arrastando bagagens pelas calçadas. Hotel resolvido, está na hora de dar uma volta para reconhecer o pedaço, nunca sem antes passar pelo Palais em direção à Croissette. Por enquanto, tudo tranquilo. Vou fazer o meu credenciamento amanhã cedo e já pude notar que a sacola de papéis é bem menor este ano. O primeiro sinal de que a era digital finalmente se instalou no Festival.
O tempo está meio nublado, mas agradável. E com um sol que, quando aparece, queima. Alguns, bem ao estilo franceses em férias na Riviera, aproveitam para esticar as pernas e se recostar nas cadeiras de ferro do caminho. De olhos fechados e com um ar de que não estou nem aí, encaram corajosamente o astro rei. Como num desafio, repetem para si mesmo - espelho, espelho meu, quem é que este ano vai brilhar mais do que eu…

sexta-feira, junho 15, 2007

De volta para o futuro


Amanhã, embarco para Cannes logo cedo. O vôo, direto, leva duas horas e meia até Nice. Vou pela Portugália, nas asas de um jato Embraer ERJ-145! De volta para o futuro da publicidade. Fui…

quinta-feira, junho 14, 2007

Download to your calendar


Já recebi a lista das palestras que vou assistir e comentar. Para mim é sempre uma surpresa o que vou encontrar pela frente. No programa, os títulos são sempre sugestivos e a pequena explicação sobre o tema, diz mas não diz tudo. O negócio é chegar cedo, escolher um bom lugar e prestar atenção no que vai acontecer. Tem desde ‘It’s life Jim, but not as we know it’ sobre o mundo virtual, até o ‘Diary of a Creative Director: an exploration of the road to greatness’, onde os grandes da criação mundial vão revelar alguns dos sucessos e acidentes de percurso nas suas carreiras. Será?

About us


Nos intervalos entre as palestras, subir e descer as escadas, andar de um lado para o outro, parar para beber uma água ou um café também faz parte do melhor dos exercícios, praticados por todos os profissionais da área - o do ver e ser visto. Um abraço aqui, um como vai ali, um quem é, um é ele, um você por aqui de novo, muito prazer, tchau e estamos conversados. Até o próximo encontro.

domingo, junho 10, 2007

Da Série Fazendo Blague

. Este ano, a grande novidade que vou levar na minha bagagem para Cannes é, por incrível que pareça, o meu passaporte português que acabei de receber. Depois de lidar com papéis e mais papéis e de ver a minha vida financeira, e não só, virada de cabeça para baixo, enfim lá consegui o documento. Capa vinho com letras douradas e a boa companhia de Camões e Fernando Pessoa ilustrando algumas de suas páginas. Poesia também combina com viagem. Quem disse que não?

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Fernando Pessoa

. Para acalmar o stress e começar a entrar no clima do Festival, nada melhor do que passar algum tempo numa dessas grandes livrarias com jornais e revistas de tudo que é jeito, e mergulhar de cabeça nos anúncios que estão nas suas páginas. Como quem não quer nada, acabo por fazer uma viagem ao redor do mundo em não mais de uma hora. A Vogue, a Hola da semana, a Veja, a Vanity Fair, as dirigidas e as não menos dirigidas. Em inglês, francês, italiano… do alto de suas prateleiras estão todas lá me olhando e pedindo para serem lidas. Na saída, compro o jornal do dia e uma caixa de chicletes sem açúcar que é para disfarçar.

. Bolas e mais bolinhas é a moda por aqui em Lisboa. Nas bijuterias, nas bolsas, nos lenços e até nas sandálias tipo havaianas. Cannes já está me chamando.

. Não disse. Acabei de receber do bluebus a lista das palestras do Festival que vou assistir. Depois eu conto.